domingo, 16 de agosto de 2009

a sombra do vampiro a lenda de dracula

O romance Drácula foi escrito por Bram Stocker há pouco mais de um século (em março de 1897). Ambientado na Europa central, mais precisamente na lendária Transilvânia, o romance narra a saga de um conde que se revolta contra Deus depois de perder sua amada. Bram Stocker provavelmente inspirou sua ficção na tragetória do terrível Vlad Tepes.

Quem foi Vlad Tepes?

O inescrúpuloso conde nasceu em 1431 na na cidade de Sighisoaraem, Transilvânia. Autodenominou-se Dracul, ou seja, aquele que pertence à Ordem do Dragão. Porém em romeno Dracul quer dizer Satanás e a população associou seu apelido a suas atrocidades, passando então a chamá-lo de Filho do Demônio.
Vlad Tepes tem em seu sombrio currículum a fama de ter empalado mais de trinta mil pessoas. A macabra técnica de empalação consistia em introduzir no ânus da vítima uma estaca afiada e suficientemente forte para aguentar seu peso. Quando a estaca era fixada na terra o empalado ia-se enterrando pela estaca abaixo, devido ao seu peso, até que ela lhe atravessasse a boca. Segundo as lendas, o Conde gostava de comer ouvindo o gemido de suas vítimas. Ele sentia prazer em ver suas vítimas agonizando enquanto jantava.
Durante seu reinado a lei e a ordem eram respeitadas, pois ninguém se atrevia a cometer crimes com medo do Conde. Em seus momentos de sadismo o Conde Vlad Tepes além de empalar, podia esfolar, mutilar, cozinhar ou queimar na fogueira os "criminosos".
E mesmo vencendo a guerra contra os turcos o povo não suportava mais sua crueldade e tirania. Uma carta foi falsificada e o Conde foi preso, ficando trancafiado por mais de dez anos. Durante o tempo em que permaneceu preso alguns guardas forneciam pequenos animais, para que Vlad os empalasee, apenas por diversão. Quando foi solto retornou ao trono, mas morreu pouco tempo depois numa batalha contra os turcos.
Nos anos de 1930, numa busca ao túmulo do Conde Vlad Tepes, no Mosteiro de Snagov, na Romênia, arqueólogos encontraram apenas ossos de animais. Enfim, o lendário Conde Vlad Tepes era um tirano sanguinário muito diferente do personagem romântico criado pelo escritor Bram Stocker.

Bela Lugosi

Talvez seja ironia, talvez seja destino, mas o primeiro a encarnar o Conde tenha sido um húngaro, vindo de uma região a menos de cem quilômetros da verdadeira Transilvânia. Este nome, que foi imortalizado pelo personagem é Bela Lugosi (lê-se Bai-la Lugosi). Lugosi interpretou pela primeira vez o vampiro em em 1927 numa peça da Broadway. Mas foi com a produção "Dracula" (1931), dos estúdios Universal que a imagem do Conde foi visualmente definida como conhecemos hoje. A capa preta, o ar aristocrático e sedutor, os caninos afiados: Hollywood imortalizou o personagem destoando um pouco da figura do livro de Bram Stocker, que definia o conde com uma aparência bem mais macabra.
A trajetória do então astro Bela Lugosi foi um tanto quanto conturbada. Lugosi nunca mais conseguiu se livrar da sombra do Conde. O ator, que foi levado ao estrelato após o grande sucesso do filme "Drácula", chegou a rejeitar o papel princípal em "Frankenstein", realizado por James Whale no ano seguinte. O papel acabou nas mãos de outro futuro astro, Bóris Karlloff. Mas a decadência e o opurtunismo dos grandes estúdios, que se limitavam a copiar ou realizar sequências dos primeiros clássicos da Universal ("Drácula", "Frankenstein", "Lobisomem" e "A Mumia") acabou por decretar a maldição sobre Bela. Na maioria das vezes era convidado a interpretar personagens muito parecidos com o Conde. E apesar de uma filmografia de mais de cem filmes, Bela Lugosi veio a falecer sem dinheiro e sem amigos. Seus últimos filmes foram produções baratas rodadas no México e trashs quase amadores rodados ao lado do lendário Ed Wood.

O Drácula Bastardo

Nove anos antes de Tod Browding ter filmado "Drácula", o cineasta expressionista alemão F. W. Murnau rodou a obra prima "Nosferatu, a Sinfônia do Horror", também inspirado na obra de Bram Stocker. O próprio autor não aprovou e não autorizou a adaptação. Por isso Drácula virou Orlock e a Transilvânia Alemanha. O vampiro de Murnau diferenciava em muito da criatura encarnada por Lugosi, principalmente na aparência macabra, que lembrava em muito um verdadeiro morcego. O Conde Orlock foi interpretado magistralmente pelo ator Max Schreck. Em 1979, "Nosferatu, a Sinfônia do Horror" foi refilmada, com direção dde Werner Herzog, com o ator Klaus Kinski interpretando o Conde. Em "Nosferatu, o Vampiro da Noite" o vampiro é um monstro que inspira compaixão, refletindo a angústia que marca o cinema autoral de Herzog, sempre voltado para a solidão e o desespero do ser humano.

O Príncipe das Trevas

Ordenando cronologicamente as apariçoes importantes do Conde Drácula no cinema podemos afirmar que "Nosferatu" foi a primeira adaptação (ainda que não-oficial) do livro de Bram Stocker. "Drácula", de 1931, o primeiro grande sucesso comercial e o primeiro filme a revelar um grande astro que seria lembrado pra sempre como o vampiro. Depois de uma dezena de continuações, imitações e crossovers com outros monstros, o Conde Lugosi hibernou na década de 40, sem nenhuma produção relevante no cinema. Já na década de 50, o estúdio inglês Hammer ressuscitou o pai de todos os vampiros, com "The Horror of Dracula", de 1958. Mais violento, mais sexy e o mais importante: colorido. Pela primeira vez podíamos ver o vermelho do sangue de suas vítimas. Então outro ator imortalizou o personagem Drácula numa série de filmes realizados pelo estúdio inglês: Christopher Lee.


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